O surgimento dos regimes democráticos nos séculos XVII e XVIII, principalmente no século XVIII, trouxe para as sociedades a instituição do voto como forma de escolha dos representantes políticos. No entanto, alguns grupos a princípio foram excluídos do direito ao voto. Um dos movimentos mais relevantes na luta por esse direito foi o movimento sufragista, que mobilizou mulheres em todo o mundo.
Tido como um dos pioneiros na conquista do voto feminino, antes de países como a Argentina, França, Portugal e Suíça, o Brasil viu nascer em 1910 a primeira associação feminina com esse objetivo — liderada pela professora e indigenista Leolinda de Figueiredo Daltro (do Partido Republicano Feminino).
Após uma grande campanha nacional e uma série de conquistas que foram abrindo espaço para a mudança, o decreto 21.076 do Código Eleitoral Provisório foi assinado pelo presidente Getúlio Vargas em 24 de fevereiro de 1932. O texto ainda possuía restrições, ao permitir que apenas mulheres casadas, com autorização dos maridos, e viúvas ou solteiras que tivessem renda própria pudessem votar. Tais restrições foram eliminadas em 1934, mas apenas em 1964 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.
Almerinda Farias Gama nasceu em Maceió (AL), em 16 de maio de 1899. Ainda criança, mudou-se para Belém (PA). Mulher negra e nordestina, atuou como datilógrafa, cronista, advogada, sindicalista e militante pioneira na pauta pelo direito do voto feminino. Em 1929, foi morar no Rio de Janeiro, onde viveu na periferia da cidade. Ao lado de Carlota Pereira de Queirós, foi uma das duas únicas mulheres na Assembléia Nacional Constituinte que redigiu a Constituição de 1934. Nesse mesmo ano, concorreu para o cargo de deputada federal na cidade. Em sua campanha, ela descreveu-se como “advogada consciente dos direitos das classes trabalhadoras, jornalista combativa e feminista de ação”. Almerinda não foi eleita, mas abriu espaço para a participação das mulheres e pessoas negras na política brasileira. Foi dirigente do Partido Socialista Proletário do Brasil, surgido durante os trabalhos da Assembleia Constituinte e que durou até a instauração do chamado Estado Novo, em 1937. Não existem registros da data exata de seu falecimento.